MP denuncia Andrés Sanchez e gestor financeiro por uso indevido de cartão corporativo do Corinthians
- Redação InfoTimão
- 15 de out.
- 4 min de leitura
Ex-presidente é acusado de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário; clube afasta superintendente financeiro e Andrés pede afastamento dos conselhos
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou nesta quarta-feira (15) o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e o superintendente financeiro do clube, Roberto Gavioli, pelo uso indevido do cartão corporativo do Timão. A denúncia, apresentada pelo promotor Cassio Conserino, aponta supostos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário.
Segundo o promotor, os gastos irregulares totalizam cerca de R$ 480 mil, em valores atualizados com juros e inflação, realizados entre agosto de 2018 e fevereiro de 2021, período que abrange o último mandato de Andrés à frente do clube.
“O cartão empresarial, não da pessoa física, era utilizado como se fosse privado. Houve uma inversão da propriedade e o ex-presidente passou a dispor desse cartão como se fosse seu, realizando inúmeras compras particulares”, afirmou Conserino em entrevista coletiva no Fórum Criminal da Barra Funda.
Entre as despesas apontadas como indevidas estão compras de relógios de luxo, roupas, gastos em Fernando de Noronha e na Praia de Pipa, além de pagamentos em drogarias e clínicas particulares.
Denúncia e responsabilidades
De acordo com o Ministério Público, Andrés Sanchez foi denunciado pelos três crimes citados — apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário —, enquanto Gavioli responde por apropriação indébita e lavagem de dinheiro.
O promotor destacou que o gestor financeiro tinha o dever de fiscalizar e impedir gastos irregulares, algo que, segundo a denúncia, não foi feito.
“Ele era o garantidor do bem jurídico. Tinha obrigação de conferir notas fiscais, verificar a pertinência dos gastos e reportar irregularidades aos órgãos internos. Nada disso ocorreu”, afirmou Conserino.
Com a denúncia formalizada, a Justiça decidirá se aceita ou não o processo. Caso seja acolhida, os denunciados se tornam réus. O MP também pediu que ambos sejam obrigados a restituir R$ 480 mil e ainda paguem indenização por danos materiais e morais equivalentes a 75% do valor do prejuízo causado ao clube.
Corinthians afasta superintendente financeiro
Diante da denúncia, o Corinthians anunciou o afastamento de Roberto Gavioli de suas funções como superintendente financeiro, por tempo indeterminado e sem remuneração, até a conclusão do caso.
Em nota oficial, o clube destacou que acompanha a investigação de perto e reforçou seu compromisso com a transparência:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que afastou de suas funções o superintendente financeiro Roberto Gavioli, para que o mesmo possa se defender da denúncia oferecida pelo Ministério Público. O Corinthians esclarece ainda que acompanha com atenção a denúncia envolvendo o ex-presidente Andrés Navarro Sanchez, colocando-se à disposição para fornecimento de documentos e informações necessárias aos órgãos competentes.”
O clube também comunicou que colabora com o Conselho Deliberativo, o Conselho de Orientação (Cori), o Conselho Fiscal e a Comissão de Ética, fornecendo todos os documentos requisitados.
Andrés Sanchez pede afastamento dos conselhos do clube
Após a repercussão da denúncia, Andrés Sanchez solicitou seu afastamento dos Conselhos Deliberativo e de Orientação do Corinthians, onde ocupava posição de conselheiro vitalício e membro nato, respectivamente.
O pedido foi acolhido pelo presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, sem necessidade de votação em plenário.
“O ex-presidente pediu afastamento do Conselho Deliberativo e do Cori para se defender das denúncias oferecidas pelo Ministério Público. A Comissão de Justiça seguirá apurando o caso, ouvindo ex-diretores e presidentes de órgãos fiscalizadores do clube desde 2018”, declarou Tuma Júnior em comunicado.
Por meio de nota assinada pelo advogado Fernando José da Costa, a defesa de Andrés afirmou ter sido “surpreendida com a denúncia” e classificou o documento como “inepto e com excesso de imputações”, reiterando que “a inocência será comprovada ao longo do processo”.
Outras gestões também sob investigação
Além de Andrés, o MP-SP segue investigando as gestões de Duilio Monteiro Alves (2021-2023) e Augusto Melo (2024-2025) por suposto uso pessoal do dinheiro do clube.
No caso de Duilio, os valores sob apuração chegam a R$ 80 mil em cerca de 40 dias de mandato. Já Augusto Melo teve sua administração incluída posteriormente nas investigações.
O Ministério Público já havia solicitado, em setembro, o afastamento temporário dos três ex-presidentes dos conselhos internos do Corinthians para evitar interferências durante o andamento das investigações.
Possíveis punições e próximos passos
Caso a Justiça aceite a denúncia, Andrés Sanchez e Roberto Gavioli se tornam réus, e o processo segue para instrução criminal. O MP-SP também recomenda que ambos percam seus direitos políticos dentro do clube enquanto o caso estiver em andamento.
O Conselho de Orientação (Cori), por sua vez, estuda abrir um processo interno que pode resultar na suspensão do título de conselheiro vitalício de Andrés até a conclusão das apurações.
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