Postos do Corinthians pertencem a alvos de investigação contra o PCC; clube diz que licenciou a marca
- Redação InfoTimão

- 6 de out.
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Três postos oficiais do Corinthians, divulgados no próprio site institucional do clube entre 2021 e 2023, aparecem registrados na Agência Nacional do Petróleo (ANP) em nome de investigados pela Operação Carbono Oculto, considerada a maior ofensiva já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo informações apuradas pelo g1, os empreendimentos estão ligados a empresários que tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos em agosto de 2025, acusados de participação em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. O Corinthians não é citado na investigação e afirma que os contratos são de licenciamento de marca, sem gestão direta sobre os postos.
Os postos do Corinthians investigados
De acordo com a ANP, os três estabelecimentos licenciados como “Posto Corinthians” funcionam na Zona Leste de São Paulo e estão vinculados a nomes investigados:
Auto Posto Mega Líder Ltda – Avenida Líder, 2000 (Cidade Líder);
Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda – Avenida São Miguel, 6337 (Vila Norma);
Auto Posto Rivelino Ltda – Avenida Padre Estanislau de Campos, 151 (Conjunto Habitacional Padre Manoel da Nóbrega).
Todos são classificados como bandeira branca, ou seja, não possuem vínculo direto com distribuidoras específicas de combustíveis.
Essas unidades aparecem atreladas aos empresários Pedro Furtado Gouveia Neto, Himad Abdallah Mourad e Luiz Ernesto Franco Monegatto, apontados pela Justiça como integrantes ou associados ao núcleo empresarial de Mohamad Hussein Mourad, considerado figura central na lavagem de capitais do PCC.
Operação Carbono Oculto e os alvos
A Operação Carbono Oculto identificou cerca de 251 postos de combustíveis em quatro estados ligados a 16 investigados. Entre eles:
Pedro Furtado Gouveia Neto, associado à empresa GGX Global, citado como peça-chave na administração de dezenas de postos;
Himad Abdallah Mourad, primo de Mohamad Hussein, com participação em mais de 100 postos de combustíveis usados para blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro;
Luiz Ernesto Franco Monegatto, ligado a transações imobiliárias e ao setor de combustíveis, também citado na decisão judicial como operador do grupo.
De acordo com o Ministério Público, o esquema movimentava valores acima de R$ 8,4 bilhões, incluindo fraudes tributárias e estelionatos em diversos ramos de negócios.
Posição do Corinthians
Procurado, o clube destacou que não administra diretamente os postos e que o contrato prevê apenas o licenciamento da marca Corinthians, terceirizado a uma empresa intermediária.
Em nota oficial, o Corinthians declarou:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que não é o administrador responsável pelos postos de gasolina citados. Trata-se de contrato de licenciamento de marca. O clube acompanha com atenção o andamento das investigações para, se necessário, tomar medidas jurídicas em relação aos contratos.”
O contrato e a gestão anterior
Os contratos para criação da rede de postos Corinthians foram firmados em 2021, ainda durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, e prorrogados até novembro de 2025.
O ex-presidente afirmou que os aditivos foram assinados com empresas autorizadas pela ANP e que não havia registro de irregularidades até o fim de sua administração.
Segundo Duilio, o contrato inclui cláusulas de responsabilização, garantindo que o clube seja indenizado por eventuais danos à sua imagem:
“Destaco que nosso Departamento Jurídico incluiu cláusula que assegura ao clube ser ressarcido por qualquer eventual dano causado à instituição.”
Investigações sobre possíveis vínculos com o clube
Além da relação indireta por meio dos postos, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga possíveis vínculos de administrações anteriores do Corinthians com pessoas ligadas ao PCC.
De acordo com apurações, o clube teria alugado imóveis de um suposto financiador da facção para uso de jogadores. Também foram identificadas notas fiscais de abastecimentos feitos em postos que figuram entre os investigados pela Justiça, como o Auto Posto Gold Star, localizado próximo ao Parque São Jorge.
Próximos passos
A ANP informou que notificará os empreendimentos para atualização de registros divergentes e, em caso de descumprimento, poderá abrir processo administrativo que pode levar à revogação da autorização de funcionamento.
Enquanto isso, o Corinthians segue acompanhando o caso e poderá recorrer a medidas judiciais para preservar sua marca e imagem.
O que dizem as partes
Corinthians
"O Sport Club Corinthians Paulista informa que não é o administrador responsável pelos postos de gasolina citados pela reportagem. Nesses casos o Clube esclarece que trata-se de um contrato de licenciamento de sua marca. O Corinthians também informa que acompanha com máxima atenção o andamento das investigações para — se necessário — tomar as medidas jurídicas cabíveis em relação aos contratos de licenciamento com os postos de gasolina citados pela reportagem."
Duilio Monteiro Alves
“Trata-se de um contrato de licenciamento que previa a criação da rede de postos Corinthians, já existente no clube antes da minha posse como presidente. Os aditivos contratuais assinados em minha gestão autorizaram a operação das primeiras unidades e passaram pelos órgãos competentes do clube, tendo sido assinados com empresas autorizadas por agência fiscalizadora federal. Desconheço que tenha havido qualquer irregularidade ou denúncia feita sobre esse contrato até o último dia de minha gestão. Destaco que nosso Departamento Jurídico ainda incluiu uma cláusula de responsabilização pela operação, que assegura ao clube ser ressarcido por qualquer eventual dano causado à instituição e à sua imagem.”
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