Ministério Público solicita afastamento de ex-presidentes do Corinthians por suspeita de irregularidades

Ministério Público solicitou o afastamento temporário de ex-presidentes do Corinthians de qualquer atuação no clube.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou o afastamento temporário dos ex-presidentes Andrés Sanchez, Augusto Melo e Duilio Monteiro Alves das atividades no Conselho Deliberativo, no Conselho de Orientação (Cori) e em quaisquer outros colegiados ligados ao Corinthians. A medida foi requerida pelo promotor Cássio Conserino e ainda depende de decisão do Poder Judiciário.

Segundo a Promotoria, o pedido se fundamenta na Lei Geral do Esporte (14.597/23) e na antiga Lei Pelé (9.615/98), que preveem até 10 anos de inelegibilidade para dirigentes envolvidos em gestão fraudulenta ou temerária.

Motivos do pedido do Ministério Público

De acordo com o Ministério Público, a permanência de Sanchez e Duilio nos conselhos representaria risco às investigações, uma vez que ambos ainda têm poder de voto em decisões internas e influência política. O temor é de que pudessem interferir no processo, intimidar testemunhas ou até obstruir a apuração.

Apesar de Augusto Melo já não integrar nenhum conselho desde o impeachment sofrido em julho de 2025, o MP optou por incluí-lo de forma preventiva. Caso o pedido seja aceito, Sanchez e Duilio ficam proibidos de participar de qualquer colegiado do clube até o fim das investigações.

Gastos suspeitos e sumiço de documentos

Um dos casos citados envolve notas fiscais emitidas por uma empresa registrada como minimercado, mas que, na prática, funcionava como fachada. Em outubro de 2023, na gestão de Duilio Monteiro Alves, o clube registrou R$ 32 mil em despesas com buffet, embora a empresa não tivesse estrutura para fornecer tais serviços.

Outro ponto destacado pelo Ministério Público é a falta de controle administrativo no Corinthians. Documentos como faturas de cartões corporativos e relatórios de despesas desapareceram, resultando em boletins de ocorrência. Para os investigadores, a situação caracteriza gestão temerária e reforça a necessidade de afastamento dos ex-dirigentes.

Riscos de obstrução e ameaças

O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, afirmou em depoimento que foi ameaçado por sua atuação no clube, citando inclusive a infiltração do crime organizado na política corinthiana. Para o promotor, a presença dos ex-mandatários poderia facilitar a ocultação de provas e influenciar eleições internas realizadas em agosto de 2025.

Posição das defesas dos ex-presidentes do Corinthians

Andrés Sanchez

A defesa de Andrés Sanchez, conduzida pelo advogado Fernando José da Costa, afirmou que o pedido do Ministério Público é uma medida de caráter processual, sem juízo de culpa. O ex-presidente declarou confiar na Justiça e se colocou à disposição para apresentar documentos que comprovem a regularidade de sua gestão.

Augusto Melo

A defesa de Augusto Melo declarou que o ex-presidente não se opõe ao pedido do MP. Ressaltou ainda que, durante seu mandato, ele nunca utilizou o cartão corporativo e que a investigação servirá para confirmar sua conduta pautada pela transparência e responsabilidade.

Entenda o caso

A investigação do Ministério Público de São Paulo teve início em agosto de 2025 após denúncias de uso irregular de cartões corporativos nas gestões de Andrés Sanchez (2018–2020) e Duilio Monteiro Alves (2021–2023). Posteriormente, Augusto Melo, presidente entre janeiro de 2024 e maio de 2025, também entrou na mira da Promotoria.

Documentos e testemunhos já foram requisitados pelo MP, incluindo depoimentos de Osmar Stabile (atual presidente interino), Romeu Tuma Júnior (presidente do Conselho Deliberativo) e do gerente financeiro Roberto Gavioli.

O caso de afastamento dos ex-presidentes do Corinthians reforça a turbulência vivida pelo Corinthians em suas administrações recentes. Caso o pedido do Ministério Público seja aceito, os ex-presidentes ficam temporariamente afastados de qualquer instância política do clube, medida que poderá ser prorrogada até o fim de eventual ação penal.

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