Polícia Civil abre inquérito para investigar possíveis desvios de materiais esportivos da Nike no Corinthians
- Redação InfoTimão

- 24 de out.
- 3 min de leitura

A Polícia Civil de São Paulo instaurou nesta quinta-feira (23) um inquérito por furto qualificado para apurar supostos desvios de materiais esportivos fornecidos pela Nike ao Corinthians. A investigação será conduzida pela Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), vinculada ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
A medida atende a um pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), formulado pelo promotor Cássio Roberto Conserino, que já apura outras possíveis irregularidades na administração alvinegra. O caso tramita no Foro Central Criminal da Barra Funda, sob responsabilidade do juiz José Fernando Steinberg, no Anexo de Defesa do Torcedor, unidade especializada em incidentes relacionados ao futebol e às torcidas organizadas.
Suspeita de irregularidades no controle de materiais esportivos
As investigações miram o controle interno de produtos fornecidos pela Nike, que desde o ano passado apresentaria inconsistências na emissão de notas fiscais e lançamentos no sistema de gestão do clube, o Protheus. De acordo com apurações publicadas pelo Trivela e confirmadas pelo InfoTimão, a suspeita surgiu ainda durante a gestão do ex-presidente Augusto Melo, após a constatação de que o Corinthians havia recebido milhares de itens da Nike sem o devido registro contábil.
Em maio de 2024, o clube recebeu cerca de R$ 5 milhões em materiais esportivos — incluindo camisas, shorts, agasalhos e meias — sem que as notas fiscais fossem lançadas no sistema oficial. Entre abril e dezembro de 2024, segundo dados obtidos pelo UOL Esporte, 9.062 produtos, somando R$ 4,9 milhões, teriam chegado ao CT Joaquim Grava sem registro.
A ausência de controle formal dificultaria o rastreamento interno e a contabilização correta dos materiais, gerando suspeita de desvio de patrimônio e furto qualificado. Além do inquérito policial, o Corinthians conduz uma sindicância interna para apurar a possível responsabilidade de funcionários e dirigentes.
Reação do clube e de conselheiros
Em nota enviada ao InfoTimão, o Corinthians informou que não foi notificado oficialmente sobre a abertura do inquérito, mas reforçou que está “aberto a colaborar com todas as autoridades” e que as investigações internas seguem em andamento.
O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, também se manifestou sobre o tema. Segundo ele, o problema já havia sido identificado em gestões anteriores, e há um pedido formal para que a Comissão de Marketing e de Justiça acompanhe o caso.
“Com relação ao material esportivo, nós tivemos um problema grave na outra gestão. Eu já soube que está tendo algo parecido. Já mandei ofício para que as comissões acompanhem o caso. O problema continua e é grave. Estamos apurando”, afirmou Tuma Júnior.
Contrato bilionário com a Nike
O Corinthians e a Nike mantêm uma das parcerias mais longevas do futebol brasileiro, iniciada em 2003 e renovada em 2025 até 2035, com potencial de superar R$ 1 bilhão em valores de bonificações e metas de desempenho.
O contrato prevê um fornecimento anual estimado em R$ 4 milhões em produtos, mas em 2024 o clube teria recebido cerca de R$ 13,2 milhões em materiais, ultrapassando o limite contratual. A Ernst & Young (EY), consultoria que presta serviços de auditoria ao Corinthians, alertou a diretoria sobre os riscos fiscais e jurídicos da falta de registro, incluindo sanções contratuais e eventuais penalidades tributárias.
À época, o clube alegou que a ausência de registros no sistema se devia a uma reestruturação interna e que as notas fiscais estavam sendo lançadas manualmente, de forma gradual. Ainda assim, documentos obtidos pela imprensa apontam que nenhuma nota havia sido inserida no sistema até o início deste mês.
Investigações seguem em curso
Com o inquérito aberto, o MP-SP e a DRADE devem ouvir funcionários, dirigentes e prestadores de serviço ligados ao controle de materiais no CT Joaquim Grava. A apuração também busca entender se houve dolo ou negligência administrativa e quem se beneficiou dos produtos não contabilizados.
O caso reacende o debate sobre a governança e transparência administrativa dentro do Corinthians, tema que tem sido alvo de críticas e questionamentos desde o início de 2024, quando uma série de denúncias internas levou à criação de comissões de sindicância para investigar irregularidades contratuais.
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