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Idealizadores da SAFiel apresentam projeto e dizem que reforma do estatuto inviabiliza SAF no Corinthians

  • Foto do escritor: Redação InfoTimão
    Redação InfoTimão
  • 28 de out.
  • 4 min de leitura
Evento no Museu do Futebol teve críticas à ausência do presidente Osmar Stabile e alertas sobre risco de o clube perder oportunidade de reestruturação financeira

Evento no Museu do Futebol teve críticas à ausência do presidente Osmar Stabile e alertas sobre risco de o clube perder oportunidade de reestruturação financeira


Os idealizadores da SAFiel, grupo de empresários e torcedores que propõem transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) com participação popular, apresentaram oficialmente o projeto nesta terça-feira (28), em evento realizado no auditório do Museu do Futebol, em São Paulo.


O encontro contou com a presença de jornalistas, convidados e conselheiros, mas não teve a participação do presidente Osmar Stabile, que havia sinalizado presença, mas cancelou a ida de última hora.


Segundo os responsáveis pelo projeto, a ausência do mandatário e as resistências internas no clube evidenciam o desafio de avançar com a proposta. Eles afirmam que o texto da reforma do estatuto do Corinthians, atualmente em discussão no Conselho Deliberativo, inviabiliza o modelo proposto pela SAFiel.

“Na prática, se o clube associativo quiser deter a maioria das ações, manda um sinal de que quer continuar no comando. E isso afasta investidores sérios, porque o risco continua alto”, declarou Carlos Teixeira, um dos idealizadores da SAFiel.

Conflito entre projeto e reforma estatutária


O novo anteprojeto de reforma do estatuto do Corinthians abre caminho para a criação de uma SAF, mas com uma cláusula que proíbe investidores externos de adquirirem o controle majoritário da empresa. O objetivo declarado é preservar a gestão e o controle institucional sob responsabilidade dos associados. No entanto, segundo os idealizadores da SAFiel, essa condição inviabiliza a entrada de capital de peso.


“Infelizmente, o clube associativo é o maior responsável pela situação financeira atual. Dificilmente um investidor institucional entraria num cenário em que o controle segue preso à política interna”, acrescentou Teixeira.


O advogado Eduardo Salusse, diretor jurídico do projeto, reforçou que mudanças estatutárias são possíveis se houver vontade política. “O estatuto do Corinthians é antigo, confuso e cheio de lacunas. Se houver apoio, é possível alterá-lo para viabilizar a SAF. O Cruzeiro fez o mesmo no dia da aprovação da sua transformação.”


Idealizadores da "SAFiel", projeto de transformação do Corinthians em SAF, em evento em auditório do Museu do Futebol, em São Paulo
Idealizadores da "SAFiel", projeto de transformação do Corinthians em SAF, em evento em auditório do Museu do Futebol, em São Paulo. Foto: Gabriel Oliveira / ge

Como funcionaria a SAFiel


A SAFiel propõe a criação de uma nova empresa chamada Invasão Fiel S/A, que concentraria todas as operações do futebol corintiano — masculino, feminino e categorias de base — separando-as do clube social. Essa holding teria duas classes de ações: uma voltada a torcedores e membros do Fiel Torcedor, com direito a voto, e outra a investidores institucionais, sem poder de decisão.


O modelo prevê que nenhum acionista possa controlar mais de 1,8% do capital votante, mesmo que detenha fatia maior do investimento, como forma de impedir concentração de poder. A estimativa é captar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões, montante que seria utilizado para quitar dívidas, modernizar o CT Joaquim Grava, construir um centro de base e investir no elenco.


Hoje, o Corinthians acumula dívida superior a R$ 2,7 bilhões, segundo o último balancete. A SAFiel afirma que, com os recursos captados, seria possível sanear o passivo da Neo Química Arena e garantir estabilidade financeira ao clube.

“O retorno ao investidor seria pela valorização das ações, não por dividendos imediatos. O objetivo é reinvestir os resultados e fortalecer o Corinthians ao longo dos primeiros cinco anos”, explicou Salusse.

Governança e participação popular


A SAFiel prevê um modelo de governança composto por comitês e conselhos independentes, além de representantes do Parque São Jorge e das torcidas organizadas. Haveria também um Comitê de Governança e auditoria externa, com executivos contratados por mérito e metas de desempenho.


“Queremos devolver o Corinthians ao seu povo, com transparência e responsabilidade. A SAFiel não é uma transação financeira, é um pacto entre o clube e sua torcida”, afirmou Maurício Chamati, empresário do setor de tecnologia e cofundador do Mercado Bitcoin, que atua como diretor de tecnologia do projeto.


Apoio e resistência dentro do clube


Apesar das dificuldades políticas, os idealizadores dizem perceber crescente apoio entre torcedores e conselheiros. “Há muita gente que gosta do projeto, mas tem medo de se posicionar”, comentou Teixeira. “A gente vai continuar insistindo com humildade e convicção.”


Durante o evento, a conselheira vitalícia Miriam fez um discurso emocionado em defesa do projeto e criticou a ausência de Stabile:

“Estou muito triste porque o presidente não está aqui. Quem critica a SAFiel precisa apresentar uma proposta melhor. Eu entregaria minha carteira de conselheira vitalícia se isso ajudasse o Corinthians.”

Próximos passos


O grupo anunciou que o projeto será protocolado no Parque São Jorge ainda nesta semana, acompanhado de um memorando de entendimentos. O documento prevê que, após análise interna, a proposta possa ser submetida à Assembleia dos Sócios para deliberação final.


Mesmo com as incertezas, os idealizadores afirmam que o projeto avança.

“Quando começamos, era 99% impossível. Hoje, diria que é 50%. É um trabalho de formiguinha, de conversa, explicação e mobilização”, resumiu Chamati.

O que está em jogo


O Corinthians vive um momento decisivo fora de campo. De um lado, o Conselho Deliberativo tenta aprovar uma reforma estatutária que permita a criação de uma SAF sob controle dos associados. Do outro, a SAFiel propõe um modelo que combina participação popular e capital privado para sanear o clube e garantir sustentabilidade.


Enquanto o debate avança, o futuro financeiro do Timão continua em pauta e a decisão caberá aos conselheiros e associados do Parque São Jorge.


Acompanhe todas as atualizações sobre a SAFiel, a reforma do estatuto e os bastidores políticos do Corinthians aqui no InfoTimão — o portal que vive o Corinthians dentro e fora de campo.

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