Imbróglio entre Corinthians, Kauê Furquim, Bahia e Grupo City agita bastidores do futebol brasileiro
- Redação InfoTimão
- 15 de ago.
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O Corinthians vive mais um capítulo turbulento nos bastidores. Desta vez, a polêmica gira em torno da saída de Kauê Furquim, apontado como a principal joia da base alvinegra, para o Bahia, clube controlado pelo Grupo City, por apenas R$ 14 milhões.
A negociação, vista como um “golpe de oportunidade” pelos baianos, gerou revolta interna e nas redes sociais, além de abrir um debate sobre a vulnerabilidade dos clubes brasileiros diante das regras atuais para Sociedades Anônimas do Futebol (SAF’s).
Entenda a negociação
Kauê, de 16 anos, tinha contrato profissional assinado com o Corinthians desde abril de 2025. Conforme a legislação vigente, a multa rescisória para transferências nacionais é limitada a 2.000 vezes o salário mensal do jogador. Com vencimentos de aproximadamente R$ 7 mil, o valor ficou em R$ 14 milhões para o mercado interno — quantia considerada irrisória diante do potencial do atleta.
O Bahia, utilizando aporte financeiro do Grupo City, pagou integralmente a multa e levou o jogador. No entendimento da diretoria corinthiana, por se tratar de um investimento estrangeiro, a multa aplicável deveria ser a internacional, de 50 milhões de euros (cerca de R$ 330 milhões). O clube paulista estuda acionar a FIFA para buscar medidas legais, embora reconheça que a reversão da negociação é improvável.
Acusações de aliciamento
O Timão afirma que não foi comunicado sobre o interesse do Bahia e acusa o clube baiano e o Grupo City de negociarem diretamente com o atleta e seus representantes, desrespeitando as regras da FIFA sobre contratação de jogadores menores de idade com contrato vigente. O Corinthians classifica a operação como "aliciamento ilícito e imoral" e declarou oficialmente o rompimento de relações institucionais com as duas entidades.
Perfil de Kauê Furquim
Revelado no futsal do Parque São Jorge aos sete anos, Kauê se destacou no futebol de campo e no sub-15, chegando a ser convocado para a Seleção Brasileira da categoria em 2024. Canhoto, atua na ponta-direita e já treinava com o elenco profissional sob os olhos de Dorival Júnior, embora não tenha estreado. O jogador agora seguirá ao Bahia e, futuramente, poderá ser transferido para o Manchester City, quando completar 18 anos.
Efeito dominó na base alvinegra
A saída de Kauê acendeu o alerta no Corinthians, que teme perder outros talentos com multas baixas. O caso mais preocupante é o de Gui Amorim, meia-atacante do sub-17 e também representado pela mesma empresa de Kauê. Ele tem multa de R$ 14 milhões para o mercado interno e foi observado por olheiros do Grupo City.
Além dele, nomes como Léo Amistá (atacante) e Iago Machado (zagueiro) também preocupam, assim como o histórico recente da perda do lateral Denner para o Chelsea, em negociação fechada por 10 milhões de euros.
Crítica à legislação
O diretor da base corinthiana, Carlos Roberto Auricchio, criticou duramente a lei que limita as multas rescisórias para transferências nacionais, alegando que a regra favorece "oportunistas" e enfraquece financeiramente os clubes formadores. Segundo ele, dobrar salários para aumentar multas pode inviabilizar o orçamento da base.
Nota oficial do Corinthians
"Repudiamos, veementemente, o aliciamento ilícito e imoral do jogador Kauê Furquim, em trama envolvendo o City Football Group e o Esporte Clube Bahia. Estudaremos os caminhos jurídicos possíveis para punir os responsáveis e apelaremos à CBF e à FIFA. Reforçamos nosso repúdio e rompemos qualquer relação institucional com o Bahia e o Grupo City."
A perda de Kauê Furquim expõe um problema estrutural no futebol brasileiro, em que brechas legais permitem a saída de promessas por valores muito abaixo do mercado internacional, comprometendo o retorno esportivo e financeiro dos clubes formadores. Mas também reforça os problemas estruturais do Corinthians, em meio ao caos nas mais diferentes frentes, que não tem conseguido proteger e valorizar suas principais joias da base.
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